sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Retrato de Santiago





Santiago tem a estrutura de Buenos Aires com a gente boa de Montevidéu.

As pessoas são receptivas e amistosas.

Há quem diga que há nisso um pouco de apatia. Eu entendo por falta de afetação.

Vivem nas ruas de Santiago os maiores e mais bonitos cachorros de rua.

Os moradores de rua são raros.

As pessoas gostam de futebol, mas o balonpié não é um tema recorrente.

Há os dois bares mais legais que já conheci: La Piojera e Galpón Victor Jara.

No La Piojera, há uma bebida chamada Terremoto. Fica-se completamente bêbado em 20 minutos e todos conversam com todos, sem fazer tipo algum. Dá tristeza de lembrar do público do Mercearia São Pedro.

No Victor Jara, a cumbia pega forte e todo mundo dança sem se preocupar um segundo sequer com a imagem que passa. De causar inveja a qualquer rave europeia.

Não se pode beber na rua. As pessoas acham curioso que em São Paulo é possível abrir uma Brahma enquanto se caminha.

As pessoas bebem muito. Muito mesmo.

Ainda se pode fumar dentro de qualquer lugar fechado. Ninguém faz cara feia com a fumaça. Talvez, e só talvez, porque realmente a fumaceira não atrapalha tanto.

Os cidadãos andam na rua às quatro da madrugada mas dizem que Santiago “é muito perigosa”. Não é.

Os santiaguinos não gostam de Santiago assim como os paulistanos não gostam de São Paulo. No caso deles, sem razão.

As cordilheiras vistas da cidade são a coisa mais linda que há. Mas acostuma-se rápido com a visão.

Eles põem abacate em tudo, até no cachorro-quente. Fica bom.

Todos gostam muito de brasileiro. Não gostam muito de argentino e de peruano.
 
Ao dar informação de caminho, as pessoas têm uma estranha dificuldade de apontar a direção certa.. Sempre apontam o dedo exatamente entre duas ruas, e se fica sem saber para qual lado seguir.

O trânsito é quase tão ruim quanto o de São Paulo.

É um daqueles lugares que, ao menos logo depois de retornar de viagem, você pensa em voltar pra morar.