quinta-feira, 29 de abril de 2010

"Senhor Deus..."

Quando eu era pequeno, rezava bem baixinho em cada jogo decisivo do Corinthians:

- Senhor Deus, eu sei que o Senhor olha por todos. Mas o Corinthians é o time que tem mais torcedores. Logo, mais gente vai ficar feliz se a gente ganhar. Amém.

Sempre deu certo, com exceção da final do Campeonato Paulista de 1987 contra o São Paulo. Mas Deus foi tão bom naquele ano – nos tirando da lanterna para a finalíssima -, que nem tinha como ficar bravo com Ele.

Em 1988, centenário da Abolição da Escravidão, fiz a mesma coisa, ajoelhando-me sobre a minha camisa branca da Kalunga. Campeões, com gol do negro Viola.

Em 1990, também. Tupãzinho estufou as redes tricolores e Deus, com dois anos de atraso, deixou a maioria paulista novamente feliz.

A última vez que bati um papo futebolístico com o Criador foi em 1995, na final contra o Palmeiras. Tudo bem, eu não era mais criança. Mas já havíamos perdidos três decisões para a parte verde da cidade. Tive de apelar aos céus com o meu argumento irrefutável. Deus, sem ter escapatória (afinal, “a razão dá-se a quem tem”, como diz um samba de Geraldo Pereira), tirou o título da multinacional de laticínios.

Em todas as vezes que tomei essa atitude, pensei baixinho, pr'Ele não escutar: “Este papo só não servirá se jogarmos contra o Flamengo”. Mas, pra mim, era até um deboche. Não me imaginava num jogo decisivo contra os rubro-negros cariocas.

Eis que, agora, nos deparamos com um dos jogos mais importantes da nossa história justamente contra o Flamengo. Na primeira partida São Pedro estava de sacanagem e impediu que houvesse jogo no Maracanã. Deu Flamengo, 1 a 0.

Mas, Senhor, tenho três ótimos motivos pra que olhe por nós na próxima quarta-feira. Estamos no ano do centenário. Nosso time nunca ganhou uma Libertadores. Nosso apelido é Fiel.

Se nada convencê-Lo, faço um último apelo:

Deus, confie no DataFolha.


domingo, 4 de abril de 2010

Dois palhaços

Dois jovens palhaços faziam suas palhaçadas numa pracinha de uma cidade do interior. Pedro fitou-os e balbuciou pra menina que estava ao lado:

- Coisa mais idiota existir esses palhaços. No meu tempo de criança palhaço era coisa legal. Aposto que esses querem ser chamados de clowns.

A menina reclamou da rabugenzice do rapaz. Disse que ele só sabe reclamar, reclamar, reclamar. E finalizou com um chavão clássico:

- Por que você não sabe ver a beleza nas pequenas coisas? Você é chato pra caralho.

Pedro continuou chato. Mas esta frase deixou de ser clichê. Tornavam-se palavras vivas