domingo, 3 de janeiro de 2010

Um amor 4Ever

Um dia lhe ensinaram que todo amor só é amor se não acabar. Se acabou, não era amor. Quem lhe deu a aula foi uma amiga do colegial, daquelas que escrevem mensagens vazias nos cadernos, como "Amigos 4Ever". Ela ainda concluiu: "É do Luis Fernando Veríssimo".

Mais de uma década depois descobriu que a frase é, na verdade, de Nelson Rodrigues. Também percebeu que amores eternos e verdadeiros acabam, sim. Ouviu de um elepê que o amor pode ser eterno novamente. Passou o último ano vendo abraços estranhos na cama, sem lhe causar constrangimento algum. Afinal, não era amor. E só o amor pode aborrecer.

De uns tempos pra cá nada mais lhe incomodava. Criou uma vida de pequenas vergonhas diárias, que lhe causava menos vergonha a cada dia. Uma pessoa repetitiva, quase uma estátua em bares de pessoas mais repetitivas ainda. As estátuas têm o seu valor, pensava.

Hoje, ele sabe que pouca coisa aprendeu desde aquele caderno com o tal Amigos 4Ever. Mas ainda lhe sobra um amor 4Ever contra todas os lugares-comuns. Mesmo que ninguém mais saiba disso.